segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O Quase (Sarah W.)

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Gonçalves Dias

Canção do Exílio


Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.


** que saudades...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A forma como se trata

Eu penso que devemos tratar as pessoas como elas gostariam de ser tratadas. Isso eu aprendi. Ao contrário do que se fala por aí que devemos tratar as pessoas como gostaríamos de ser tratados. Ué... como agir com um ser humano diferente de mim? Se eu gosto de A e outro pode gostar de B. Se eu faço assim e o outro faz assado? Daí como eu posso fazer algo por ele imaginando o que eu gostaria?? Não dá certo. Isso é alimentar uma expectativa mesmo que inocentemente. Só pq eu faço isso com vc: falo de um jeito, trato diferente, agrado, abraço, beijo, escrevo e etc, não estou esperando nada igual em troca. Eu espero é atingir meu objetivo: ver o sorriso, ouvir a voz, ter reciprocidade na conversa, escutar a opinião...

Acho que tratar a pessoa como ela gostaria é o mínimo de atenção e delicadeza que as pessoas merecem. Isso não é puxar o tal do saco, nem agrado... é uma questão de merecimento. Não faça o mesmo por mim, ou faça, se achar que eu gostaria de ser tratada assim.

É muito gostoso ver, saber, ler que algo mínimo que eu fiz, deu um bom momento pra alguém. Daí eu não preciso de nada disso de volta. Eu ja recebi o que eu queria.